Esquina Ensolarada
Fiquei a observar-te, seu cabelo moreno
Iluminado pelo sol, uma trança que cai
No seu ombro direito, ligeiramente desnudo.
Seu vestido lilás traz um tom rosado para sua pele branca.
E esse brilhante na beirada do teu olho?
Te imagino se olhando no espelho ao colocar esse apetrecho.
Você passou esse tempo todo, indo e vindo, carregando garrafões de água.
Regando cada um dos vasos, com atenção, com intenção.
Ou será que seu olhar estava vazio, seu pensamento longe?
Seus braços fortes porém pesados foram relaxando,
Conforme a água que dali saia, nesse pátio ensolarado. Agora leve.
Essencial e simples seus afazeres nessa tarde de segunda-feira.
Eu aqui passando tempo nessa mesa de esquina, tentando distrair minha fiel angústia.
Me imaginando ser a própria água que corre no despertar da vida.
Água que inunda, água que alimenta, água que faz meu sonho flutuar.
Imaginando ser as próprias plantas, criaturas de Deus,
Crescendo sem pretensão, vivendo sem propósito,
E sabendo nesse silêncio da sua virtude, pacata e harmoniosa,
Essencial.